23 de junho de 2009

* Diploma pra que?

No dia 17 de junho, por 8 votos a 1, os ministros do STF decidiram que para exercer o jornalismo não é mais obrigatório um diploma na mão.
Por mais que quem faça jornalismo tenha ficado com raiva e tudo mais, vamos ser um pouco racionais.
Procuremos em alguma revista ou jornal, pessoas que escrevem para esses meios de comunicação sobre economia, por exemplo, será que na maioria das vezes é um jornalista entendido do assunto, ou um economista que se dá bem com as palavras?
Nós sabemos que é mais fácil para um economista escrever sobre economia, do que um jornalista, além do que, imagino eu, que possa dar um prestígio a mais para a revista/jornal.
Não que nada disso fosse proibido, porém, se existe curso superior de jornalismo, é para que estes escrevam as matérias, e não qualquer um.
Apesar dos alvoroços, tudo vai ficar como sempre esteve. Jornalistas escrevendo a maior parte das matérias, economistas falando de economia em suas colunas e por aí vai. A decisão do STF só torna legal, a segunda parte, mas não desmerece a primeira.
Imaginem se um veículo de informação respeitado e com tempo significativo no mercado, vai deixar a pauta de uma reportagem na mão de qualquer pessoa? Eu sinceramente acredito que não. É provável que o salário caia, uma vez que a demanda de trabalhadores será maior. Mas também acredito que se o profissional for bom e qualificado, poderá se dar bem mesmo nas adversidades.
Porém, minhas críticas mais se referem às justificativas dadas pelos ministros, do que a própria decisão em si.
Celso de Mello disse que “preservar a comunicação de ideias é fundamental para uma sociedade democrática e que restrições, ainda que por meios indiretos, como a obrigatoriedade do diploma, devem ser combatidas.” Particularmente não concordo com esse ponto de vista, uma vez que se for assim, ninguém mais precisaria de diploma para trabalhar e o mundo viraria um caos.
Essa foi apenas uma das declarações dadas pelos excelentíssimos ministros do Supremo Tribunal Federal. E por mais que eu não acredite que vá mudar muita coisa com essa nova decisão, não é necessário que se desprestigiasse os jornalistas ou aqueles que ainda estão estudando para tal. Por serem pessoas importantes e que estão sempre na mídia, deveriam saber que o que se fala, ou escreve, de alguém ou alguns, faz sim muita diferença para reputação dos mesmos.
Se poucos ministros conseguiram causar na população todo esse reboliço, imaginem o que muitos pseudo-jornalistas não poderiam fazer sem ter a consciência sobre o que se escreve por aí.

4 comentários:

  1. Esse é um texto que não precisa de comentário, afinal você disse tudo. Suas colocações foram perfeitas. A decisão é dura, mas acredito que não trará grandes mudanças.
    O que mais me irritou foi o desprezo que alguns ministros demonstraram ao falar do exercício do jornalismo. Acho que nada na vida é fácil, muito menos escrever algo que pode influenciar milhões de pessoas. Além do mais, os jornalistas atuam como assessores de comunicação. É o mercado de trabalho que mais recebe profissionais. Aceitar alguém sem diploma, seria arriscar a vida de qualquer instituição. COMUNICAÇÃO É TUDO.

    Adorei o texto e o visual do blog, parabéns.

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  2. É, o texto disse tudo ;)
    Concordo com muitas coisas e até com o comentário ali em cima, e na verdade, espero que seja uma decisão positiva ao jornalismo em si, que trazer conscientização e mais qualidade. ;*

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  3. Discordo. Apesar de ser supeita pra tal.

    "A decisão do STF só torna legal, a segunda parte, mas não desmerece a primeira."

    Tenho duas observações acerca desta afirmação:

    1) Sempre foi legal qualquer pessoa escrever no jornal. As seções de carta de leitores, artigo, ensaio, coluna e etc, nunca se restringiu aos jornalistas. Não somente em economia, mas sobre qualquer assunto.

    2) Desvaloriza sim a profissão, pois se agora qualquer pessoa pode escrever para os meios de comunicação, não há necessidade do veículo pagar mais caro por causa de diploma. Claro que há exceções, mas isso pode - e possivelmente vai - acontecer. Além disso, comparar o ofício do jornalista como o de cozinheiro e costureiro, leva as pessoas a pensarem que escrever uma reportagem ou notícia é muito simples e que não há respnsabilidade por nada que for escrito. Muito pelo o contrário, o caso "Escola Base" exemplifica bem isso. Informação errônea afeta a vida dos envolvidos e nem mil erratas podem consertar isso. Um erro do jornalista e ele perde o emprego. Como eu disse no meu blog, há um pacto de confiança entre o jornal e o leitor. Uma vez quebrado, não há credibilidade. E agora, acreditar em quem? Se isso não é desmerecimento, não sei o que poderia ser.

    Não sou contra os "não-diplomados" terem a oportunidade de escrever nos jornais. Isso sempre existiu e sempre existirá. Maitê Proença tinha coluna num jornal. Grazi Massafera tbm. Entre tantos outros artistas e jogadores de futebol. Sou contra as justificativas infundadas por parte do Sr. Gilmar Mendes.

    Não tenho certeza se os donos dos grandes jornais do país irão pensar nessa coisa do esforço e prestígio do repórter. Bem ou mal, vào pensar no bolso e isso influencia muito.

    Qualificação sempre foi importante em qualquer profissão. E mais ainda no jornalismo, uma vez que enfrantamos uma crise com as novas mídias e, agora, com a diversidade de "jornalistas" que vem por ai. O problema é que vamos trabalhar 50x mais que uma pessoa q tem q segurança do seu diploma e receber muito menos. E não falo somente na questào financeira, mas de mérito também.

    Enfim, a partir de agora começo a colocar em prática meu plano B: abrir um motel.

    Bjos,

    Clarisse Simão.

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  4. Nossa realmente nem sei em quem acreditar, aceito em partes e concordo muito com Clarissa. E aliás motel, com certeza dá uma boa grana.......hahaha
    Prima, se vc quiser vc também pode escrever pra jornal, revista, mesmo fazendo direito, porque cada dia você escreve melhor no seu blog. Tô adorando.
    MIl beijokas prima!

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